EXERCÍCIO CONCORRENTE E EMAGRECIMENTO
Se eu fizer musculação antes da esteira vou ter um gasto energético maior do que se executá-la na ordem inversa?
Estudos realizados por Panissa e colegas (2008) analisaram se a ordem de execução da combinação dos exercícios (aeróbio-resistido e/ou resistido-aeróbio), que teve duração média de uma hora, influenciava no gasto energético total. Os sujeitos do estudo realizaram as diferentes ordens dos exercícios conectados a um analisador de gases, para mensuração do consumo de oxigênio. O exercício aeróbio em esteira rolante foi realizado durante 30 minutos, a 90% do limiar anaeróbio (equivalente a 70% do VO2pico), enquanto no protocolo de exercício resistido, foram realizados 4 exercícios (supino inclinado, cadeira extensora, puxador costas e mesa flexora respectivamente), sendo compostos de 3 séries de 12 movimentos, com intervalo entre as séries de dois minutos. Após análises dos resultados, os pesquisadores concluíram que a ordem de execução dos exercícios não afeta o gasto energético total.
Um outro aspecto explorado frequentemente para aumentar o GED é a realização de exercícios que aumentem o consumo de oxigênio (VO2) após a atividade, isto é, que gerem como ajuste momentâneo um excesso de consumo de oxigênio pós-exercício (EPOC, do inglês, excess post-exercise oxygen consumption) (Borsheim & Bahr, 2003).
No caso dos exercícios aeróbios, a magnitude e a duração do EPOC parecem depender diretamente da intensidade e da duração do exercício. Nesse tipo de exercício a realização em intensidades entre 50 e 80% do VO2máx por 5-20 minutos não tem gerado EPOC com duração além de 35 minutos. Da mesma forma, quando a intensidade é próxima ao limiar ventilatório e a duração é de 20-40 min, o EPOC raramente excede 40 min. Contudo, quando o exercício aeróbio é realizado por mais tempo, ocorre o aumento da duração do EPOC (Borsheim & Bahr, 2003).
Será que a ordem de execução dos exercícios (aeróbio x resistido) influencia no gasto energético após o exercício?
Drummond e colaboradores (2005) aplicaram protocolo de exercício concorrente e verificaram o EPOC nas diferentes ordens de execução. Seus resultados apontam que a ordem de execução do exercício concorrente é determinante para uma maior intensidade do EPOC, tendo um maior consumo quando o exercício resistido é realizado após o exercício aeróbio. Além disso, esses autores observaram que o exercício resistido realizado isoladamente proporcionou EPOC por maior período de tempo (25 minutos) em relação ao exercício aeróbio.
Em contrapartida, Lira e colaboradores (2007) examinaram tal influência em modelo idêntico ao utilizado pelo grupo de Panissa (2008). Em seu estudo, os sujeitos tinham o consumo de oxigênio acompanhado durante 30 minutos nas seguintes situações: repouso (sem exercício prévio), após exercícios aeróbios, resistido, aeróbio e resistido, resistido seguido do aeróbio. Seus resultados demonstram que durante os primeiros 10 minutos, todas as situações de exercício (aeróbio, resistido, aeróbio seguido do resistido e resistido seguido do aeróbio) elevaram o consumo de oxigênio em relação à situação de repouso, não havendo diferença entre as ordens de execução. Nos 20 minutos, somente as situações que eram compostas por exercícios resistidos (resistido, aeróbio seguido do resistido e resistido seguido do aeróbio) apresentaram seu consumo elevado em relação à situação de repouso, também não havendo diferença entre as ordens. Finalmente, no trigésimo minuto, somente a situação aeróbia seguida por exercício resistido teve seu consumo de oxigênio elevado em relação à situação de repouso. Os pesquisadores concluíram que a ordem de execução dos exercícios afeta o prolongamento do EPOC. Porém, ressaltam que esta diferença é pouco expressiva, pois o gasto energético equivalente foi de 15kcal em relação à ordem inversa.
Será que essa pequena diferença no gasto energético (15kcal), após o exercício, (na ordem aeróbia seguida do exercício resistido) acumulado por um longo período, pode resultar numa perda de gordura mais acentuada?
Estudos realizados por Batista e colegas (2008) apontam que não, pois ao submeter mulheres com sobrepeso (IMC >25kg.m-2 e <30kg.m-2) por 6 semanas ao programa de exercício concorrente (aeróbio e resistido), nas diferentes ordens (aeróbio seguido resistido e/ou resistido seguido aeróbio), não foram observadas mudanças em diferentes parâmetros antropométricos. Entretanto, vale a pena frisar que ambos os protocolos são efetivos em reduzir as medidas antropométricas. Considerações Finais Com base nos estudos pode-se concluir que a ordem de execução do exercício concorrente não promove aumento adicional no gasto energético durante uma sessão intensa de exercícios. Porém, tal ordem de execução influencia de maneira sutil o gasto energético após exercício. Entretanto, não repercute de maneira significativa quando aplicado de maneira crônica. Em simples palavras, a ordem de execução do exercício deve ser escolhida de acordo com a vontade do praticante, não pelo fato de gastar mais energia (uma vez que isso não ocorre), e sim pelo simples conforto.
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